Quando comparada a quente, a Taxa Fixa parece pouco sedutora perante as vantagens a curto prazo de uma Taxa Variável. Afinal de contas, quem está disposto a descartar à partida uma taxa que no imediato resulta numa prestação mais baixa? Mas, sendo o Crédito Habitação um compromisso a longo prazo, não se pode descurar as implicações a longo prazo de ambas as taxas. E, vendo por esse prisma, talvez a resposta não seja assim tão fácil.
Taxa Fixa ou Taxa Variável: qual a diferença?
Comecemos pelo início, porque para percebermos o que está em causa numa e noutra situação temos de compreender o significado de cada taxa. Quando falamos de Crédito Habitação com Taxa Fixa, a taxa de juro contratada permanece imutável ao longo do todo o empréstimo, independentemente das oscilações do mercado. No caso da Taxa Variável o cenário é bem diferente. Neste caso a taxa que está associada ao empréstimo é um indexante, a Euribor na maioria dos casos em Portugal, que vai variando ao longo do tempo e alterando o valor da prestação.
Quando se opta por uma Taxa Fixa tem-se, por norma, uma taxa de juro mais alta à partida, mas sabe-se quanto se vai pagar pela totalidade do empréstimo e quanto vai ser a prestação mensal, que é sempre fixa. Desta forma privilegia-se a segurança. Quando se escolhe uma Taxa Variável aceita-se a incerteza para ter em troca uma taxa de juro mais baixa à partida, correndo o risco de no final, feitas as contas, ter pago mais pelo empréstimo do que se estava a pensar inicialmente, e além disso com incerteza da prestação mensal a pagar, que podem aumentar caso as taxas de juro subam.
Como vai evoluir a Euribor?
Falar das vantagens da Taxa Fixa é também analisar as desvantagens das Taxas Variáveis e uma questão fulcral a ter em conta é a evolução esperada da Euribor. Depois de anos com valores negativos (desde meados de 2015), o que é normal num cenário de recessão em que é necessário estimular a Economia, é expectável que a Euribor comece a subir e já começam a surgir os primeiros sinais nesse sentido. Em março a Reserva Federal Americana aprovou a primeira subida das taxas de juro deste ano, prevendo-se várias subidas até ao final de 2019.
Mas sendo o Euribor uma taxa europeia e afetada diretamente pelo BCE (Banco Central Europeu), de que interessam as decisões da Reserva Federal Americana? Vivendo nós num mercado globalizado e tendo em conta o peso da economia americana, saber como se comportam as taxas de juro nos EUA é uma forma de prever que acontecerá na Europa. E a verdade é que no mesmo mês o BCE começou a falar em possíveis ajustes na taxa de juro de referência e Jens Weidmann, presidente do Bundesbank e membro do Conselho de Governadores do BCE, falou mesmo numa subida das taxas de juro na zona euro em meados de 2019.
Com a Taxa Fixa privilegia-se a segurança. Quando se escolhe uma Taxa Variável aceita-se a incerteza para ter em troca uma taxa de juro que pode ser mais baixa à partida.
Com a previsível subida do Euribor, as prestações de empréstimos com Taxa Variável irão aumentar. Por isso, se está a analisar propostas de Crédito Habitação neste momento aproveite o período de reflexão obrigatório para pesar prós e contras de cada opção. É exatamente para isso que o Banco de Portugal fez questão que as FINE tivessem alertas quanto à imprevisibilidade das Taxas Variáveis e apresentassem eventuais cenários resultado do aumento das taxas de juro, para que disponha dos dados necessários para pensar e decidir qual é a opção mais vantajosa, plenamente consciente das consequências possíveis.
Informação e reflexão
Mas então, em que ficamos? Taxa Fixa ou Variável, qual é a melhor opção? Bom, não há uma resposta fácil para isso, depende daquilo que se privilegia. A melhor opção é por isso informar-se, refletir e tomar uma decisão consciente. Mas uma coisa é certa: se o objetivo é não correr riscos, então a Taxa Fixa é a opção certa.