“Faz o crédito habitação com o teu banco, para não teres de abrir uma nova conta.”
Um daqueles conselhos aparentemente cheio de sabedoria, mas que o pode fazer cometer um enorme erro. Em primeiro lugar, não deve fazer apenas consulta a uma instituição. Por muito trabalho que lhe dê, e mesmo que lhe pareça uma tarefa chata, deve fazer simulações com várias instituições para poder comparar e perceber qual é a melhor proposta. Se optar por outro Banco, no qual não tenha conta, provavelmente terá de abrir uma e até possivelmente domiciliar o seu ordenado nessa conta (já para não falar da dor de cabeça de alterar outros pagamentos automáticos associados à conta). No entanto isto é um cenário que já está a mudar e há instituições que concedem crédito habitação e que não lhe exigem nada disso.
“A melhor proposta é a que tem um spread mais baixo.
”Há uma crença muito entranhada de que o fundamental no crédito habitação é o spread e quanto menor for o spread, menores serão os custos do empréstimo. O que não é necessariamente verdade, porque o spread é apenas a taxa cobrada por uma instituição para emprestar um montante, não reflete todos os custos que lhe serão cobrados. Por isso, se se focar no spread e ignorar outros indicadores, arrisca-se a que o essencial lhe passe ao lado. Antes de mais, é preciso perceber exatamente o que os diferentes itens que aparecem na simulação de crédito significam, e perceber, por exemplo, que o MTIC lhe indica o montante total que lhe será imputado, juntando ao montante do empréstimo todos os outros custos associados (juros, comissões bancárias, impostos e outros encargos), e que a TAEG reflete todos dos custos envolvidos na operação de crédito habitação, sendo por isso indicadores melhores do que o spread para avaliar a melhor proposta.
“Quanto menos deres de entrada, melhor!”
Há várias razões para concluir que este é um mau conselho. A primeira delas é que quanto menos estiver disposto a dar de entrada, menor será a probabilidade de que o seu pedido de crédito seja aprovado, porque a aprovação de crédito assenta muito na segurança que o cliente passa à instituição e nada transmite maior segurança do que estar disposto a comprometer-se com um valor elevado na compra. A outra razão é que nem é do seu interesse fazê-lo, porque quanto menos der de entrada, menor será a sua capacidade de negociar boas condições para o seu empréstimo e maior será o valor que irá pagar pelo seu crédito. Portanto pense bem, se está disposto a pagar mais a longo prazo para não pagar um valor maior a curto prazo.
“A evolução da Euribor não interessa, o importante é pagares menos agora.”
Se há questão que não é de todo linear no crédito habitação é a escolha entre taxa de juro fixa ou taxa de juro variável. Tudo depende daquilo que valoriza mais: não ter preocupações (se optar por taxa fixa e a sua prestação não se altera) ou pagar uma prestação mais baixa no imediato (se optar por taxa variável, mas que pode vir as aumentar no futuro se as taxas de juro aumentarem – o que é um cenário bastante provável). Uma coisa é certa: se está inclinado para escolher taxa de juro variável, preocupar-se com a Euribor é fundamental e para isso tem na FINE previsões de quanto pagará de prestação se houver um aumento da taxa. Faça contas e pense bem, para no futuro não ser apanhado de surpresa.
Quer um bom conselho? Não aceite conselhos de ânimo leve. Investigue, questione e reflita. A melhor decisão será aquela que tomar de forma consciente e informada.